Teclas, letras, palavras, frases, textos…
Tudo flui, tudo se liga.
Uma ligação ao interior que permite uma expressão no exterior.
Dois mundos que se conectam, uma ponte entre eles.
Uma ponte que se constrói facilmente por vezes.
Vezes em que conseguimos ver a água que corre em baixo. Observando a corrente que se movimenta entre as duas margens. Vendo a areia e a vegetação de cada um dos lados. Observando a paisagem à volta. Captando a imagem a preto e branco da doca onde um dia estivemos atracados. Constatando que aquele cenário faz parte do nosso passado, quando sentíamos que precisávamos estar junto a terra firme, sentindo apenas a ligeira ondulação da água que, por vezes, nos fazia sentir zonzos. A âncora com lodo que nos fazia sentir seguros. Quando observávamos outros barcos a sair para o mar com o nascer do sol e a regressar ao final do dia. O sol preenchia os nossos dias naquele cenário estático, no qual apenas seguíamos o seu movimento no céu. Quando observávamos as estrelas que chegavam com a noite, sem as deixarmos guiar o nosso destino.
Uma fotografia sem cor, guardada numa caixa de sapatos. A revelação de uma aprendizagem.
A lembrança da liberdade de escolha de todos os nossos destinos.
A gratidão pelas escolhas que fizemos, que nos trouxeram a este destino.
Uma âncora erguida.
Uma vela içada.
O vento a movimentar. As estrelas a guiarem. A lembrarem o espaço e o tempo infinitos em que vivemos.
Um espaço onde tudo é possível, quando permitimos que as possibilidades se tornem probabilidades. Quando reconhecemos a existência de uma estrela no nosso interior. Quando reconhecemos que a estrela, o barco e o navegador são apenas um.
A estrela que ilumina o nosso caminho. O barco onde navegamos no céu. O navegador que segue a luz.
O reconhecimento de que só a sombra nos permite reconhecer o valor da luz.