Por vezes damos voltas à cabeça, escavando bem fundo na nossa mente à procura de respostas, numa busca incessante por algo que nos ajudará a sentir mais em paz.
Não sabemos bem a direção a tomar, mas há uma força que nos faz procurar um caminho.
As ideias podem sobrepor-se umas às outras, como se brigassem entre si, como se lutassem por espaço dentro de nós.
O lado inquisidor e crítico da mente assume o trono, procurando abafar a voz da razão que se encontra tranquilamente bem no nosso interior.
O ruído interno dos pensamentos, como ondas agitadas num dia de tempestade, pode fazer-nos sentir à deriva.
Mesmo no pico da tempestade, é-nos sempre dada a oportunidade de observar as ondas e escutar a voz interna que aguarda em silêncio o momento certo para nos guiar.
Podemos escolher respirar como as ondas, libertando os pensamentos e as emoções quando a água se afasta… Libertando o turbilhão de perguntas e deixando-as fundir-se com a poderosa força do mar…. E quando a onda volta a nós, convidando apenas a paz a entrar no nosso interior. Deixando que a água lave a nossa alma, levando consigo tudo aquilo que já não tem morada dentro de nós.
O mar vai-se acalmando à medida que respiramos mais lentamente.
As perguntas agora dissolvidas dão lugar a um mar espelhado cheio de respostas. Observamos a água serena e descobrimos reflexos até então impercetíveis aos nossos olhos.
Vemo-nos sem a lente do ego que cria a ilusão de separatividade.
Vemo-nos despidos da imagem que procuramos criar de nós próprios.
Vemo-nos na nossa essência, reconhecendo as nossas qualidades e também as nossas imperfeições.
E aqui também nos é dada uma oportunidade… é nos dada a oportunidade de aceitarmos a nossa perfeita imperfeição. A oportunidade de nos aceitarmos na totalidade, reconhecendo o longo caminho que ainda temos pela frente.
Assumindo a responsabilidade pelos nossos atos e aprendendo com os nossos erros, mas deixando para trás a crítica, a culpa e o julgamento que infligimos a nós próprios.
Libertando-nos dos pensamentos e emoções que nos pesam, podemos seguir a nossa viagem mais leves, focando-nos na intenção de querer evoluir continuamente.
E quando caminhamos com o coração leve, também nos é dada a oportunidade de aceitarmos mais facilmente as imperfeições dos outros.
Ao vermos pedaços de nós espelhados neles, temos a oportunidade de deixar o coração assumir o leme.
A nossa tolerância e compaixão para com os outros revela-se uma oportunidade única de fazermos as pazes connosco próprios.
Tal como uma onda infinita, um ato de paz para com os outros cria mais paz dentro de nós. E a paz que inunda o nosso ser cria ondas de paz ao nosso redor.
E cada vez que escolhemos a paz, damos também uma oportunidade aos outros para escolherem essa mesma paz.